12 outubro, 2009

The (unhappy) scientist

De repente, viu-se apoiado à janela, a testa esmagada contra o sujo e grosseiro vidro, seu reflexo de uma figura humana. Não havia vida naquela imagem, só via dois olhos, um nariz, uma boca, pescoço, tronco, membros... Onde estava sua essência? Um vento uivava lá fora. As árvores lhe acenavam como num gesto de uma trágica e repentina despedida. Não conseguia pensar em nada. Sentia-se vazio e só. A solidão o consumia por dentro. Ela arrancava cada pedaço seu, mas nada sentia, porque já se encontrava vazio antes. Não sabia o que estava sentindo: era uma rara mistura de autodesprezo e de angústia. Só sabia que não estava feliz. Só sabia que a tristeza era quem sussurrava aos seus ouvidos naquele momento. Nunca pensou que tudo seria tão difícil, apesar da vida ter um dia sido fácil.
"No one ever said it would be so hard."
The Scientist - Cold Play

04 outubro, 2009

Um anjo chamado Pity



Deus, como sinto falta dela. Passaram-se quase 2 meses e meu anjinho não está mais aqui comigo. Minha menina dos olhos deixou-nos. Aqueles lindos e cativantes olhos verdes, que refletiam nossa imagem, sempre a dar beijinhos no rosto dela. Acabaram-se meus beijinhos, lambidinhas ásperas, mas ao mesmo tempo irresistíveis. Cessaram-se meus arranhões, doces arranhões que eu recebia merecidamente ao incomodá-la quando não queria brincar. Aonde foi aquele sono gostoso, em que ela se punha na posição fetal, e mexia as patinhas de vez em quando sonhando com sei lá o quê? Onde está aquele olhar que nos envolvia e nos amedrontava concomitantemente? E aquela ímpar pintinha no nariz, que a fazia diferente dos demais? O que dizer então da manga preta aveludada que ela vestia dia e noite, noite e dia? Cadê a minha menininha? As lágrimas derramadas todos estes dias não são o suficiente para traduzir esta perda. Nada será suficiente para expressar a lesão da sua ausência. Era mais que uma gatinha... era a minha Pity, meu anjinho.

27 setembro, 2009

E agora?


Nossa, quanto tempo... Senti falta disto, de realizar a minha catarse, de recompor-me, de conhecer-me um pouco mais.

Saí de lá. Fui pra outro lugar. Conheci novas pessoas. Aprendi novas coisas. Andei por novos lugares. Almoçei comidas novas. Li textos novos. E agora?

Não escrevi mais nada novo. Não expus nenhuma emoção nova.

Sinto falta de tudo e de todos. Apesar de estar naquela imensidão a céu aberto, no meio de pessoas que nunca vi na minha vida, andando por prédios que me engolem todos os dias, sinto-me só. E agora?

Semana após semana fico pensando no que vivi. Dia após dia fico pensando do que ri. Hora após hora fico pensando neles, nos meus amigos. E agora?


Sem resposta, sigo mais uma semana. Vamos ver no que vai dar...


"Só sei que o mundo vai de lá pra cá, andando por ali, por acolá. Querendo ver o sol que não chega. Querendo ter alguém que não vem. "

27 julho, 2009

Mosaico


É uma pena que ele não está aí, na foto, mas está aqui, no coração.

Esse mosaico é complexo, é requintado, é esplêndido! Com seus jeitos de ser, suas risadas diferentes, seus ensinamentos, suas reações, fui me completando. Hoje, sou assim: um mosaico de diferentes personalidades e ideias. Graças a vocês. E você, Edson.

Eu amo vocês.
"A gente não faz amigos, reconhece-os."
V. de Moraes

21 julho, 2009

Caminho(s)


Enquanto estava andando, simplesmente caminhando, flanando, pensei em algo um tanto quanto alusivo à vida.

Caminhava de cabeça baixa, pensando, resgatando da mente alguns momentos e lembranças, quando encontrei um chaveirinho. Nele, estava escrito: "Senhor, dai-me a graça de hoje". Foi autorreferente. Aquilo por si só valeu pela magia que me envolvia.

Indaguei: se estivesse olhando para o horizonte, ou mesmo apreciando as tênues nuvens da tarde, não o encontraria.

Isso, em termos abstratos, pode nos ensinar muito!!!

Se examinamos nossos passos e calculamos com cautela onde pisamos, podemos encontrar, quando menos esperarmos, a graça do dia! Ou mesmo da vida toda!

Se estivermos, no entanto, sempre a imaginar-se junto às nuvens, naqueles flocos de espessura delgada, embriagados pelo azul inconfundível de uma tarde de julho, podemos passar despercebidos pelo que precisávamos.

Nunca deixemos de agradecer à energia divina pelo céu, pelas nuvens, pelos pássaros. Tampouco deixemos de olhar para o caminho que seguimos e de lembrar que nossos passos existem; afinal, não flutuamos.

" A graça maior é persistir na caminhada certa".

12 julho, 2009

AGORA


Arqueando as sobrancelhas posso ver melhor o que há através das grades. Vejo nuvens duelando, engalfinhando-se. Vejo umas árvores estáticas (parece que, agora, nada lhes importa, ou melhor, incomoda). Vejo um pássaro cruzar meu horizonte. Ele leva consigo um destino incerto. Não sinto o meu coração bater, só ouço minha respiração rítmica. Paz? Solidão? Ambos.

06 julho, 2009

Centelhas




Centelhas respingam da fogueira, viajam pelo céu, caem sobre o chão tétrico, esfriam-se, desaparecem...

Centelhas saltam da fogueira, escorregam pelos ares, respousam no chão gélido, acalmam-se, desaparecem...

Centelhas fogem da fogueira, rasgam a paisagem, tombam no chão maldito, petrificam-se, desaparecem...